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quinta-feira, 27 de maio de 2010

EUA negociam com Irã, mas 'sem ilusões', afirma doutrina Obama

Documento de segurança nacional aposenta a 'guerra ao terror' de Bush.
Ele prevê usar 'múltiplos meios' para isolar o Irã e a Coreia do Norte.

Os EUA vão buscar "múltiplos meios" para isolar Irã e Coreia do Norte se eles ignorarem suas obrigações internacionais, segundo a doutrina de Segurança Nacional do governo Obama, divulgada nesta quinta-feira (27) pela Casa Branca.
O documento também afirma que os EUA continuam tentando negociar com o Irã, mas "sem ilusões".
A doutrina de segurança nacional prevê a união do envolvimento diplomático e a disciplina econômica ao poderio militar, como forma de ampliar a presença dos EUA no mundo.
Rompendo formalmente com o unilateralismo da era Bush e "aposentando" a expressão "guerra ao terror", que marcou o governo do democrata, a estratégia de Obama prevê a expansão de parcerias para além dos aliados tradicionais dos EUA, de modo a abrangerem também potências emergentes, como China e Índia, para compartilharem o ônus dos problemas internacionais.
A nova estratégia aponta a al-Qaeda como principal inimigo, mas lembra que o uso da força por si só não pode garantir a segurança do país.
obama 
O presidente dos EUA, Barack Obama, recebe camiseta do Duke Blue Devils, time universitário de basquete, nesta quinta-feira (27) na Casa Branca. 


"Sempre tentaremos deslegitimar o uso do terrorismo e isolar aqueles que o praticam", afirma o documento.
"Não é uma guerra mundial contra uma tática - o terrorismo - ou uma religião - o islamismo", afirma o texto. "Nós estamos em guerra contra uma rede específica, a al-Qaeda, e os terroristas que apoiam seus esforços de atacar os Estados Unidos e nossos aliados."
O texto destaca a ameaças que representam os indivíduos radicais que não têm o perfil tradicional dos terroristas, como o jovem nigeriano que tentou explodir um avião em território americano no Natal, ou o pai de família americano de origem paquistanesa suspeito de ter planejado um atentado com carro-bomba em Nova York no último 1º de maio.
"Nossa melhor defesa contra essa ameaça reside em famílias, comunidades locais e instituições bem equipadas e informadas", informou o documento, completando que "o governo vai investir em espionagem".
O governo também admite que reforçar o crescimento econômico e pôr em ordem as contas públicas dos EUA são itens que fazem parte das prioridades de segurança nacional. "No centro dos nossos esforços está um compromisso de renovar nossa economia, que serve como fonte do poderio norte-americano", disse o abrangente documento.
A Estratégia de Segurança Nacional, uma obrigação legal de cada presidente, costuma ser uma reafirmação seca das políticas em vigor, mas é um documento importante porque pode influenciar orçamentos e leis, além de ser observado de perto no exterior.
Obama, que assumiu o cargo em meio à pior crise financeira nos EUA desde a década de 1930, adotou uma postura mais clara do que qualquer de seus antecessores no estabelecimento de um vínculo entre a saúde econômica dos EUA e sua estatura internacional.
"Devemos renovar a fundação da força da América", diz o documento, declarando que o crescimento sustentável da economia depende de colocar o país numa "trilha fiscalmente responsável" e de reduzir a dependência do país em relação ao petróleo importado.
O texto não faz menção a um crescente consenso entre especialistas - o de que o profundo endividamento dos EUA junto a países como a China constitui um problema de segurança nacional.

 

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