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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Famílias de 10 brasileiros vítimas de golpe na Turquia esperam notícias

Grupo de dançarinos está há um mês no país sem receber salários.
Consulado confirma que eles foram vítimas de organização criminosa.

 

paulo franco brasileiro turquia 
O brasileiro Paulo Franco, líder do grupo que foi vítima de golpe na Turquia
 
Familiares de dez brasileiros que foram vítimas de um golpe quando realizavam uma série de apresentações na Turquia aguardam há mais de 24 horas notícias dos seus parentes, que seriam levados de Bodrum a Istambul nesta quarta-feira (9), para em seguida serem deportados para o Brasil.
De acordo com a artista plástica Sheila Franco, mãe do responsável pelo grupo Gafieira Brasil, Paulo Franco, o filho de 28 anos entrou em contato pela última vez na segunda para relatar à família no Rio que o grupo havia denunciado o contratante turco, após ter sofrido ameaça de morte. Os brasileiros estavam acompanhados de um representante do Consulado do Brasil em Istambul.
“Desde ontem [segunda], às 22h, estamos sem contato. Ele pediu socorro dizendo que poderiam deportá-lo. Ele é uma vítima que leva o Brasil para o mundo, tem uma ficha limpa, é um menino impecável. Nunca se envolveu com nada ilícito”, contou Sheila Franco.
Segundo a artista plástica, seu filho e os outros nove artistas viajaram no início de maio para Bodrum, na costa asiática da Turquia, onde fariam uma série de apresentações de danças brasileiras e capoeira em hotéis. O contrato de seis meses previa um salário mensal de US$ 1 mil (cerca de R$ 1.860) por artista, com até duas apresentações por dia.
Logo que chegou ao país, Paulo Franco teria entregado o contrato para ser assinado e o pedido de visto de trabalho ao diretor da empresa turca que os contratou, Önder Bayran, o que não aconteceu. Além disso, os artistas teriam sido hospedados inicialmente em condições precárias e não teriam recebido nenhuma parte dos salários.

grupo de dançarinos brasileiros turquia 
O grupo Gafieira Brasil durante uma de suas apresentações
 
“Meu filho passou mais um mês cobrando o [cumprimento do] contrato para pagar os artistas, foi quando sofreu a ameaça de morte. Entrei em contato com consulado em Ancara, que acionou o de Istambul e começaram a levantar o caso. Este senhor [contratante] tem antecedentes criminais. O conselheiro do consulado está com meu filho desde segunda-feira pela manhã em Bodrum. Todos os artistas prestaram depoimento”, conta a mãe de Franco.
 
Organização criminosa
Em e-mail enviado a Sheila Franco, o cônsul do Brasil em Istambul, Michael Monteiro Gepp, confirmou que o grupo de artistas foi vítima de uma organização criminosa, que faz parte de uma rede internacional de tráfico de seres humanos, drogas, armas e lavagem de dinheiro.
O Itamaraty afirma que está em contato com o consulado brasileiro na capital turca e acredita que os brasileiros devem ser levados a Istambul ainda esta semana, de onde devem retornar ao Brasil, o que contraria a vontade do líder do grupo.
“Não queremos e não podemos ser deportados… Até por que estamos denunciando tudo porque queremos estar dentro da lei da Turquia e queremos que o nosso país lute por nós junto conosco. Precisamos de respaldo das autoridades brasileiras porque fomos trazidos e enrolados até hoje. Merecemos ser tratados com respeito e ter o direito de lutar pelos nossos direitos, aqui ou em qualquer lugar”, escreveu Paulo Franco em e-mail enviado à mãe na segunda.

 

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